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domingo

Ecochatos ou Biodesagradáveis

O Brasil esta entre os países “mais verdes” em termos de consumo sustentável e escolha ética dos consumidores1.  Em contrapartida, recente Pesquisa do CRED (Centro de Pesquisas em Decisões Ambientais), publicada no New York Times, expõe que, entre outros, o ser humano não esta acostumado a pensar a longo prazo e que o risco é percebido apenas por uma experiência pessoal direta. Mesmo que uma pessoa tenha medo de uma mudança climática, por exemplo, este não se mantem quando surgem problemas mais imediatos (situação econômica ou uma emergência pessoal). É típico do ser humano a necessidade de visualizar resultados reais, sendo assim, as dúvidas podem gerar um efeito negativo se não respondidas adequadamente: “Como o aquecimento global pode existir de tivemos varias geadas no inverno”, por exemplo.

Sendo assim, o que precisamos para gerar resultados efetivos ou uma ação realmente diferente das pessoas, é ter uma abordagem diferente, para que, desta forma, a sustentabilidade comece a existir, realmente, nas tomadas de decisão diárias.
Nossa existência é um conjunto dessas decisões e extrapola uma simples relação com o planeta, pois é na sustentabilidade que as essências se mostram e fazem da nossa relação conosco e com o outro, uma experiência real.  Experiência onde a ternura, a afeição, o carinho e a benevolência são energias preparadas para moverem as engrenagens da vida. Não no sentido romântico, mas aquele presente nas pequenas ações do dia a dia e na nossa inter-relação com todos aqueles que passam pelo nosso caminho. O fato é que precisamos colocar essa energia em movimento e assim a sustentabilidade. Já é tempo de criarmos um mundo melhor, feito de relações mais consistentes.
E como fazer isso acontecer? Certamente é o grande desafio diário de todos nós, que habitamos esse “mundão de Deus”. Sensibilizar para uma conduta diferente, mais sólida e unificada.
A comunicação pelo medo não é eficaz para o ser humano. “Não faca isso ou aquilo” ou “O mundo vai acabar por sua causa”. Precisamos como comunicadores, simplificar e enxergar o que realmente importa. Temos é que ser mais inteligentes e não nos transformarmos em “Ecochatos” ou “Biodesagradáveis” que só ostentam tragédias. Veja todos os dias nos jornais, é só notícia ruim: somos culpados de tudo e a humanidade vai acabar. É preciso sensibilizar as pessoas não pela culpa, mas pelo encanto. Precisamos ser criativos e inovadores para estimularmos novos comportamentos. Sustentabilidade precisa ser um auto-interesse do indivíduo.
Segundo o economista norte-americano, Steven Levitt2, “As pessoas não são boas ou más. Pessoas são pessoas e reagem a estímulos. Quase sempre os indivíduos são manejáveis, basta apenas encontrar os dispositivos certos.”
O desafio é despertar algo que estimule e até agora não conseguimos atuar como agentes de mudança ou encontrar esses dispositivos. Esse é um problema da nossa capacidade de conseguir convencer, da nossa velha e tradicional abordagem ao tratar do tema sustentabilidade.
Cabe aos comunicadores e a cada um de nós quebrar o seu próprio encantamento e exercitar-se para receber e passar mensagens novas que venham do exterior e do real.
Descobrir transforma. Cabe a cada cidadão, despertar!

1 Pesquisa realizada pela  National Geografic Society e Globscan para o IFC  sobre o comportamento e escolha dos consumidores em 14 países (incluindo Brasil, Canadá, China, França, Índia, Rússia, EUA, entre outros).
2 LEVITT, Steven e DUBNER, Stephen. SuperFreakonomics. São Paulo: Campus, 2010.

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