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quarta-feira

Materia na Revista Vegetarianos



















A magia de uma das mais renomadas escolas de educação ambiental do mundo
Texto e Fotos: Izabella Ceccato
Imagine uma escola onde viver é uma magia diária. Onde você aprende não só em sala de aula, mas na cozinha, numa roda de amigos, na biblioteca e até no bar! Onde você não se perde em livros ou nos seus próprios pensamentos, mas encontra você mesmo. Imagine um lugar onde o silêncio te ensurdece, onde o verde te abraça, onde a noite te acalma ao invés de te amedrontar. Num ambiente colaborativo onde aprender, conviver, cozinhar, rir e conversar torna-se uma experiência nova e rica em todos os momentos. Assim é no Schumacher College.
Localizada no sudoeste da Inglaterra, a pequena e charmosa cidade de Totnes, a primeira Transition Town do mundo, distante 3 horas e meia de Londres, abriga uma das mais renomadas escolas de educação ambiental, o Schumacher College, focada na aprendizagem interativa, experiencial e de transformação, que prepara os alunos para enfrentar os desafios ecológicos, econômicos e sociais do século 21.
Tudo por aqui é muito bucólico, verde e repleto de história. A escola está estabelecida em um edifício que data do século XII e têm em seu quadro docente alguns dos mais respeitados professores quando o assunto é sustentabilidade, entre eles Fritjof Capra, James Lovelok e Sthephan Harding.
Fundada por Satish Kumar, ex-monge e ativista pela paz em 1991, o nome da escola é uma homenagem ao economista alemão E.F. Schumacher, autor do livro “Small is Beautiful” – traduzido no Brasil como “O Negócio é Ser Pequeno” - uma das bíblias do desenvolvimento sustentável. A escola ganhou fama mundial pela metodologia não convencional de ensino holístico e hoje é uma das mais procuradas em educação para a sustentabilidade. Centenas de brasileiros já participaram nos cursos de curta duração ou de mestrado. Depois dos Estados Unidos, é o país com mais representatividade no quadro de alunos.
O ambiente colaborativo e multiétnico favorece o ensino e o aprendizado. Alunos, voluntários, staff e professores com as mesmas convicções compartilham experiências, planos e esperanças. A rotina começa às 7h15min com uma meditação, seguida por café da manhã. As 8h15min, todos se encontram na sala principal da sede da escola para a reunião matinal de planejamento de 15 minutos. A sequência dos dias acontece com, aulas teóricas, vivências, trabalhos em grupo e imersões em campo. As aulas são recheadas de novos pensamentos e conhecimentos, com o intuito de conectar ou reconectar os alunos a natureza, trazendo assim um carinho sublime e sutil pelo nosso planeta que nos acolhe tão gentilmente e que nos proporciona a possibilidade da vida nos oferecendo água, alimento, oxigênio...vida!
O Schumacher College oferece cursos de mestrado em Ciências Holísticas, Economia para Transição e Horticultura Sustentável, que possuem a duração de oito meses presenciais. Além deles existem os cursos de curta duração que variam de 1 a 3 semanas e discutem aspectos da sustentabilidade, filosofia, horticultura, ciências holísticas, tecnologia, economia, design, psicologia, educação, entre outros temas. Assim como o grupo de voluntários, os alunos tornam-se moradores da escola. Entre residentes e staff formamos uma comunidade de cerca de 60 pessoas em total conexão. Aqui absolutamente todos, incluindo a alta direção da escola, trabalham para a manutenção do fluxo da vida, que são tão importantes quanto as aulas e as palestras para conectar as pessoas com elas mesmas, entre si e com o planeta. Cozinhar, limpar as acomodações, colher alimentos na horta ou fazer compostagem são parte da rotina diária. Sempre há uma equipe multiétnica no comando de alguma atividade. São pessoas de todos os continentes, raças, idiomas e culturas, vivendo, trabalhando e aprendendo juntos, na condução de um exemplo de comunidade sustentável.
Corpo saudável - mente sã
A escola é uma das poucas totalmente vegetarianas do mundo. Os jardins, a horta e o pomar são incríveis e a atmosfera dos pássaros cantando o dia todo enche a todos de energia para cumprir a agenda diária. Some people keep coming back to the College for the food alone!A comida aqui é simplesmente fantástica e o processo fascinante. Algumas pessoas da comunidade ou ex-alunos aparecem apenas para fazer uma refeição! Our team of in-house chefs (with support from yourselves) prepare delicious vegetarian, organic and locally-sourced food at every mealtime. A equipe in-house de chefs, com o apoio dos voluntários e alunos preparam as refeições vegetarianas, orgânicas e de origem local numa deliciosa e surpreendente mistura de sabores saudáveis a cada refeição. For those interested in quieter pursuits, we have a purpose-made room for meditation and quiet reflection.
Para Satish Kumar, fundador da escola, o vegetarianismo é uma filosofia holística e não violenta, não apenas uma escolha alimentar. “Uma dieta vegetariana é saudável e os seres humanos não têm necessidade da carne. Tenho 75 e não me falta energia por não comer carne” diz.
O centro vivo da escola é a cozinha. As 7h horas da manhã Ruth, assistente de cozinha, chega para começar a preparar os biscoitos do coffee break, entre eles, gluten e dairy free. Com sabores e formatos incríveis, a cada intervalo, uma nova surpresa. O movimento da cozinha não para até 1 ou 2 horas da manhã. São alunos fazendo pães e bolos, voluntários preparando compotas de frutas para o café da manhã, todos conversando, tocando violão, numa simbiose incrível entre ser humano e alimento, numa alegria contagiante. Johan Van As, ex-aluno de mestrado 2010-2011 e voluntário comenta: “Para mim, a cozinha é umas das partes mais importantes da escola, pois aqui podemos realmente vivenciar nossa atitude em relação ao alimento. Estando presentes aqui, podemos efetivamente experienciar nossa relação com a comida e com o planeta e essa troca é muito enriquecedora.”
A preocupação com a diminuicao da pegada ecológica da escola permeia cada detalhe do dia-a-dia. Os resíduos são cuidadosamente separados: o lixo orgânico é compostado dentro da própria escola e usado na horta e o inorgânico vai para reciclagem.
Wayne Schroeder e Julia Ponsonby dividem a direção de alimentos e da cozinha do Schumacher College. Julia, é uma inglesa tímida e escritora do livro de receitas vegetarianas Gaia’s kitchen que ganhou o “Gourmand World Cookbook Award” de melhor livro de culinária vegetariana em 2001. Para Julia, apenas aqui ela poderia aplicar realmente o que acredita: o trabalho em equipe e amor aos alimentos frescos e locais. ”É emocionante ver a importância da alimentação sendo colocada na vanguarda dos movimentos de hoje e perceber como a aprendizagem da cozinha holística está ganhando espaço”, comenta.
Wayne, um sul-africano encantador, começou a trabalhar aqui em 2001 e é um profundo pesquisador de alimentos. Ele tem o desafio de manter a escola na vanguarda da política alimentar em relação aos alimentos orgânicos e o comércio justo, numa forma de estimular a economia local. Estar na cozinha com Wayne é inspirador. A cada mexida na panela de sopa, um novo aprendizado sobre como consciência, saúde, comida e seu preparo andam juntos para criar alegria e felicidade. Ele inspira alunos e todos ao seu redor a se relacionarem com alimentos e seus corpos de uma nova maneira, ajudando na transição de não “pensar” sobre o alimento e a natureza, mas sim “senti-los”.
É em setembro, um mês de abundância para jardineiros e para os amantes da comida, que os alunos podem realmente vivenciar a cozinha e todo o seu processo e magia, no curso Gaia’s Kitchen meets Gaia’s Garden. Todos os anos o Schumacher encontra formas inspiradoras de trabalhar com a enorme variedade de produtos sazonais produzidos localmente, na vizinhança e na horta da escola. No curso de uma semana presencial (300 libras = R$ 900), os alunos vivenciam a relação do preparo dos alimentos com a horta e a natureza, executam receitas do livro Gaia’s Kitchen, aprendem a aproveitar e ser criativos com as sobras, desfrutam a companhia de outros amantes da cozinha e refletem sobre a relação com os alimentos, sempre com uma abordagem inspiradora e experiencial.
Os aprendizados que se leva da cozinha do Schumacher College são incomensuráveis. O prazer em plantar, cuidar, fazer florescer, colher os alimentos e depois cozinhar, abençoar, comer, desfrutar são para toda a vida! É uma mudança de atitude em relação a todo o processo alimentar. É como se algo mudasse dentro de cada um fazendo a gratidão e o respeito pelo planeta e pela vida fluir nas veias.
Criatividade em ação
Wayne sempre achou que sua vida tinha um propósito definido, mas a princípio não entendia por que a vida o levava a ser tão envolvido com comida e se questionava como integrar suas práticas espirituais, seu poder curador e os treinamentos técnicos. “Se a vida me conduziu por tantos anos estudando alimentos, eu devo ter alguma missão”, comenta Wayne. Foi apenas após passar por peregrinações pela Índia, Tibet, 10 anos vivendo na Fundação Findhorn na Escócia, que a vida o trouxe para South Devon-UK para estudar crânio terapia e assim, 11 anos atrás, ele começava sua carreira na escola. “Realmente ser guiado pelo Schumacher foi e é uma das mais profundas conexões que eu já tive na minha vida. Era exatamente o que eu precisava para curar a mim mesmo e é por isso que hoje ensino como tratar corpo, mente e espirito juntos, ajudando as pessoas a verem o mundo de uma nova forma”, diz.
Sempre criativo, alegre e inspirado, Wayne usa toda a comida que sobra para criar novos pratos o que o inspira muito. E assim aconteceu com a sobra da sopa de alho porró e batatas do dia anterior. Ele colocou em prática toda a sua criatividade e criou uma lasanha, onde o molho era a sopa. Eu apelidei esse novo e inusitado prato de “Sopanha”. A receita?  Super simples, saudável, saborosa e o melhor, sem nenhum desperdício. Incrível!
- Coloque em fogo baixo a sopa até que ela fique com a consistência de um molho bem encorpado para se tornar um molho bechamel;
- Verifique quais vegetais sazonais e locais você tem disponíveis em casa. Aqui na escola tínhamos abóbora e couve;
- Corte as abóboras em cubos e asse;
- Cortar a couve em tiras;
- Tempere os vegetais com sal e pimenta e alguma outra erva que você goste;
- Separe uma tigela quadrada ou retangular para montar;
- Intercale as camadas: abóbora, massa, molho, couve, massa, molho, até acabarem os ingredientes;
Se você e sua família comem leite e seus derivados, salpique um pouco que queijo parmesão ou cheddar ralado por cima de tudo. Coloque no forno a 180 graus por 60 minutos (o tempo pode depender da potência do seu forno).
Aproveite as sobras e os vegetais locais e sazonais e bom apetite!
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Schumacher College • www.schumachercollege.org.uk
The Old Postern • Dartington • Totnes • Devon TQ9 6EA - UK
Tel: +44 (0)1803 865934
Para saber mais sobre a região, visite:

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