Schumacher College e a Teia da Vida

No final do mês de fevereiro, encerrei minha jornada de seis anos no Instituto Votorantim e iniciei uma nova fase na minha trajetória rumo ao conhecimento: conhecimento da sustentabilidade, da minha relação com o planeta, conhecimento interior, enfim, conhecimento da vida.

Parti, no final de março, para a Inglaterra, mais especificamente para a região de Devon, cidade de Totnes, a primeira Transition Town do mundo. Tudo muito belo, bucólico e repleto de historia. Aqui, Dartington Hall State: Art, Social Justice and Sustainability, abriga uma das mais renomadas escolas de educação ambiental do mundo, o Schumacher College e é aqui que estou! A escola conta com alguns dos mais respeitados professores quando o assunto é sustentabilidade, entre eles Satish Kumar, um dos fundadores da escola, Fritjof Capra e Sthephan Harding.
A sede do Schumacher College foi um antigo monastério e tem mais de 700 anos. Outros três prédios abrigam os dormitórios. Os jardins, a horta e o pomar são incríveis e a atmosfera dos pássaros cantando o dia todo nos enche de energia para cumprir a agenda, praticamente lotada, dos dias de aula. Formamos, junto com os funcionários, os professores e os alunos de mestrado, um grupo de cerca de 30 pessoas em absoluta conexão, todos envolvidos na manutenção e bem estar da comunidade.
Vim para cá estudar Alfabetização Ecologia ou Ecoliteracy, termo criado por Fritjof Capra para designar como podemos nos reconectar com a Terra.
Na agenda diária estão as aulas, as atividades no campo e os afazeres para a manutenção da comunidade tais como cozinhar, limpar, colher alimentos, fazer compostagem. As pessoas se candidatam para cada tarefa, sendo assim, sempre há uma equipe multiétnica no comando de alguma atividade de manutenção da vida comunitária. São pessoas dos quatro cantos do mundo: Brasil, Nepal, Suécia, Suíça, Escócia, Itália, Arábia Saudita, entre tantas outras nacionalidades.
Durante o curso, notei e estou vivendo a importância das pequenas coisas, dos pequenos detalhes. Por exemplo, como o nosso trabalho diário, por menor ou mais simples que seja, ajuda no todo e que, sem ele, o todo não existe. Observo ao longo dos dias o canto dos pássaros, uma verdadeira sinfonia; as estrelas, tão reluzentes por aqui; o vento frio batendo na pele; a importância das relações, conexões e relacionamentos.É lindo participar da compaixão, benevolência e abnegação de todos daqui, na condução de um exemplo de comunidade sustentável.

Aqui percebo diariamente que a tão desejada ”conexão” começa, antes de mais nada, com a gente mesmo, para depois sermos capazes de cuidar dos outros e do planeta. Percebo que a ligação entre nós e a Terra precisa primeiro começar no coração e não na mente! Somos parte de um ecossistema maravilhoso e que nós, seres únicos individualmente, formamos junto com animais, rochas, plantas e micro-organismos,a comunidade que povoa esse “mundão de Deus”e que nos recebe aqui tãogentilmente. Que tal devolver a gentileza?

Ecoliteracy é pensar global, mas agir localmente. É se conectar! Conecte-se com a Terra, com os outros, com você mesmo. Por isso, realize-se, seja feliz, dance, cante, faça amigos, cuide da família e da Teia da Vida. Satisfaça-se com as suas realizações e com o que você ainda pode realizar. Deixe sua marca! Expanda sua consciência! VIVA!