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segunda-feira

Uma reflexão de Natal

Natal, época de se recolher. E isso eu estou fazendo realmente aqui no interior da Inglaterra. Uma decisão que exige coragem para qualquer um e com certeza exigiu de mim também.

Decidi estar distante da minha família verdadeira, mas, com isso, ganhei uma outra família, uma “família” que conheci recentemente, formada das pessoas que estão aqui agora e daquelas que estão longe daqui momentaneamente.

O Natal foi incrível...silencioso, calmo, colaborativo e cheio de amor. Creio que o que acontece aqui seja uma boa definição para amor incondicional. Amar pessoas que você nem conhece bem, mas que estão presentes verdadeiramente naquele momento contigo, que partilham experiências e objetivos em comum. Isso para mim é viver o Natal de corpo e alma e assim foi.

Todos ajudaram em tudo. Cozinhamos juntos, criamos sobremesas,












fizemos pensamentos e bênçãos nos alimentos,


















montamos a mesa e decoramos a biblioteca,












limpamos, lavamos, cantamos, pensamos nas pessoas queridas que estão longe, fomos na missa do Galo numa abadia próxima, celebramos a oportunidade de estarmos juntos. Uma experiência única!

Estava hoje pensando em coisas que o Natal envolve e que, por vezes, podem se tornar tão estressantes para a maioria: shopping center, compras, encarar uma estrada cheia e perigosa para encontrar a família, ceia ou almoço do dia 25, cobranças, pressão, culpa. Interessante analisar que todas as pessoas que deixaram a escola nesse fim de ano para encontrar a família estavam estressadas, preocupadas, tensas. Mas será que precisa ser assim? E celebrar a oportunidade de estar junto de pessoas amadas, onde fica?

Vivendo esse fim de ano aqui percebi que pode existir uma fórmula diferente.
O popular “amigo secreto” abriu lugar para o “anjo secreto”. Cada um tirou um papelzinho com o nome de alguém e daquele momento até o final no Natal, nós fomos o “anjo da guarda” de alguém, protegendo, estando presente e cuidando...difícil ser anjo da guarda viu, mas foi lindo demais!
Aqui ninguém comprou nada ou encarou longas filas num shopping. Para que comprar se você mesmo pode fazer seus presentes? Todos usaram a criatividade, seus dons e habilidades e fizemos, cada um, os nossos presentes. Ah, alguns refletiram: “Eu não tenho tempo ou habilidades”...então encontraram uma outra opção. Olharam as coisas que tinham, que gostavam, que trouxeram de um lugar especial e decidiram abrir mão para presentear alguém com seus próprios objetos, E isso foi mágico. Presentear alguém com algo especial e que tem uma história importante para você. Único de verdade!

Os presentes feitos por mim











Sentindo o que vivi aqui também imaginei que a ceia ou almoço do dia 25 podem ser menos estressantes, principalmente para quem recebe, se tudo for compartilhado. Aqui no Schumacher foi assim. Todos participaram de tudo. Quando é compartilhado não fica pesado para ninguém.

E a cobrança, pressão e culpa, o que fazer para nos livrarmos disso?  Pensamentos como: “Eu devo ir visitar o fulano” ou “Meus parentes esperam que eu vá e por isso eu preciso estar lá”. Sinceramente sobre isso eu não sei o que dizer. Posso escrever apenas o que senti hoje, estando longe.
Cada pessoa, da nossa família ou não, tem seu jeito, suas necessidades, carências, defeitos e qualidades. Sei que o jeito de um não deve impactar no nosso jeito de levarmos a vida, mas muitas vezes as interações familiares nos colocam em momentos de stress, talvez todos já tenham sentido um pouco disso em algum momento da vida. Foi então que pensei: talvez devêssemos deixar apenas o amor fluir, deixar ser mais leve e ai estaríamos de coração num lugar conosco e com aqueles que amamos, independente de quem fez o que ou de como aquela pessoa age.

Parte da minha nova e querida familia















O que realmente sei é que estar aqui foi muito bom, mas que senti uma saudade infinita da minha verdadeira família. Abracei-os mentalmente várias vezes hoje: meu marido, meu pai, mãe e irmãos, meus lindos enteados, minha avó, meu sobrinho fofo, cunhadas, meus tios, primos e amigos queridos.

Para mim, o verdadeiro amor não necessita estar próximo, precisando ou devendo fazer isso ou aquilo.
É o mais forte, sutil e gentil dos sentimentos! A verdadeira alavanca que pode mudar o mundo...a nós mesmos!
O verdadeiro amor deixa livre e flui pelas nossas entranhas.
O verdadeiro amor não tem regras, cobrança ou explicação.
Ele apenas é!


Às minhas duas famílias (a nova e a velha...risos),obrigada por existirem na minha vida! Obrigada pelo amor, pelo respeito, por estarem presentes aqui comigo, física ou de coração!



3 comentários:

  1. É verdadeiro o que escreve a respeito das pressões,culpa , stress que a "festa" de Natal gera . Nem todos tem a oportunidade e/ou a coragem de fazer essa escolha.
    O artigo nos faz pensar e sentir que é possível mudar .E isso basta!
    Parabéns.
    Wanda

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  2. É impressionante como nesta época o estresse aumenta. São as "obrigacoes" do Natal que as pessoas nao conseguem se livrar. É o conviver com pessoas mt diferentes por alguns dias ou por momentos num msm ambiente. São filhos de diferentes pais se relacionando. E aí as ações de cada um geram interpretações, mágoas, tristezas e o que era para ser um encontro, vira um pesadelo. Simplesmente ser é difícil. Doar-se sem medo é difícil. Acredito que no Schumacher isto flua mais facilmente pela situação de convívio que todas estao. No mundo real é mais complicado, mas nao impossível. É treino. É tentar amar, nao criticar, aceitar. Acceptance....Exactly

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  3. Iza,o post ta lindo!
    Fiquei lembrando do natal do ano passado, e d todas as profundas emoções q vivi no colégio... é um privilégio enorme estar aí!
    Um beijo grande, querida.
    E até breve - assim espero. rs

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